ETFs de Bitcoin têm fluxo positivo, mas especialistas recomendam cautela
Os ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos, por um momento, quebraram a sequência de vendas que vinha se arrastando. No dia 19 de novembro, as entradas líquidas foram de US$ 75,47 milhões. Essa leve recuperação trouxe um fôlego após dias de incertezas no mercado.
O destaque da vez foi o ETF IBIT da BlackRock, que sozinho somou US$ 60,61 milhões em novas aplicações. Esse movimento é um alívio, especialmente depois de um recorde de retiradas que chegou a US$ 523,15 milhões na terça-feira anterior, de acordo com dados do SoSoValue. Além disso, o fundo BTC da Grayscale também viu entradas de US$ 53,84 milhões.
Essas movimentações podem indicar uma mudança no clima entre os investidores, especialmente em um cenário macroeconômico que andou deixando a maioria deles apreensiva. Após semanas de vendas, muitos estavam mais cautelosos, resultando numa atmosfera de medo, como especialistas têm apontado.
É importante lembrar que, apesar das saídas recentes, elas ocorrem em um contexto de uma grande entrada de capital nos ETFs ao longo do ano. Wali Makokha, que é diretor de produtos da Mansa, comentou que foram mais de US$ 60 bilhões em entradas desde o lançamento, e que alguns dias de retiradas não significam que a tendência está mudando de forma drástica. Para ele, o que realmente mudou foi o cenário: o Bitcoin atingiu picos altos e, em seguida, viu uma queda significativa, enquanto as taxas de juros se mantêm elevadas.
Ainda assim, não dá para negar que algumas incertezas permanecem na mesa. Os ETFs HODL da VanEck e FBTC da Fidelity apresentaram saídas de US$ 17,63 milhões e US$ 21,35 milhões, respectivamente, mostrando que o receio ainda está presente.
Investidores em modo ‘defensivo’
Os resgates recentes, especialmente de grandes fundos como o IBIT, revelam que investidores institucionais estão reevaluando suas posições. Wenny Cai, COO e cofundadora da Synfutures, explicou que diversas forças estão influenciando esse movimento. O Bitcoin, que tinha um desempenho impressionante até outubro, caiu para menos de US$ 90.000, o que pode estar testando a confiança de quem entrou no mercado mais recentemente.
Com esse recuo nos preços, um sentimento geral de aversão ao risco está fazendo os investidores repensarem suas estratégias. Cai também notou um aumento na demanda por opções de venda, sinalizando que alguns estão se preparando para uma possível nova queda dos preços.
Nesse cenário, as saídas não são apenas uma realização de lucros, mas sim uma mudança para um posicionamento defensivo. Olhando para o futuro, muitos acreditam que essa pausa pode ser mais um “reset” do que um sinal de fim dos ETFs. Segundo Makokha, a vantagem desses fundos — que permite o acesso ao Bitcoin de forma regulada — continua a existir.
Se a expectativa quanto às taxas de juros mudar, as entradas podem ser retomadas rapidamente. Contudo, a situação atual ainda está tensa. Fora os fins de semana, a tendência de queda manteve as liquidações altas, em torno de US$ 500 milhões.
Os próximos dias serão cruciais para perceber se a recuperação vai se manter. Se o mercado se estabilizar, especialmente com orientações mais claras do Federal Reserve, pode ser que os investidores voltem a buscar ETFs. Por outro lado, se o Bitcoin ultrapassar níveis críticos, como os US$ 90.000, as retiradas podem ganhar força.





